A prática do exercício e as doenças crónicas

Asma

A asma caracteriza-se por uma reação inflamatória das vias aéreas mais pequenas, com estreitamento do seu calibre e obstrução à saída do ar dos pulmões. Se a asma ainda não estiver bem controlada, os seus sintomas, como dificuldade em respirar, sensação de aperto no peito e tosse, podem surgir e agravar-se após a prática de exercício.

No entanto, depois de a situação clínica estar bem controlada e com os cuidados certos, é possível praticar exercício físico com regularidade. Aliás, Marcos Miranda refere mesmo que «não há modalidades contraindicadas». Para os jovens que ainda não estão adaptados à doença, o especialista recomenda desportos que são realizados em ambientes de maior humidade e temperatura, como a natação, ou em que os esforços são intensos, de curta duração e intermitentes, como o judo ou a luta.
Os desportos que requeiram uma exposição prolongada ao ar frio e seco deverão ser evitados. Robert Sallis ressalva que, se a asma estiver tratada, qualquer desporto poderá ser feito. Para as outras doenças pulmonares, em que há uma dificuldade respiratória permanente, recomendam-se desportos como o golfe e a marcha.


Caminhada

Artrite reumatóide

«As doenças reumatológicas, degenerativas ou resultantes de inflamação articular, deverão ser tratadas, na sua fase de agudização, antes de se iniciar ou retomar qualquer atividade desportiva», começa por alertar Marcos Miranda. Só posteriormente ao tratamento, poderá então (re)começar a sua rotina de exercício físico.
No caso da artrite reumatoide, estão aconselhadas as modalidades com reduzido impacto, «preferencialmente em meio aquático ou aquecido, tais como a hidroginástica e o ciclismo aquático», indica o especialista. Robert Sallis recomenda a prática de natação. «É, o melhor exercício para minimizar o stresse sobre as articulações», refere. As modalidades de contacto ou com levantamento de cargas acentuadas estão contraindicadas.

Autismo

A prática regular de atividade física é essencial na vida de qualquer criança, mas nas crianças autistas assume um papel ainda mais importante, por estarem sujeitas a um risco de excesso de peso, potenciado pelos hábitos alimentares incomuns e pela medicação que lhes é prescrita. A prática de exercício pode ser um grande desafio para os autistas pelas limitações que enfrentam no campo da coordenação motora, pelos baixos níveis de motivação, pela incapacidade de automonitorização e pelo aumento dos estímulos auditivos, táteis e visuais, característicos da doença.
No entanto, se a atividade física for integrada num programa abrangente de intervenção, será mais fácil implementar uma rotina de exercício físico nestas crianças. Vários estudos internacionais têm mostrado os benefícios do exercício físico no autismo, nomeadamente na melhoria dos níveis de aptidão e da função motora geral, mas também no aumento da autoestima e dos níveis de felicidade.
«Por se tratar de uma perturbação incapacitante das relações sociais e das capacidades cognitivas, os desportos coletivos não serão a melhor opção, devendo ser aconselhados os desportos individuais», alerta Marcos Miranda. «O atletismo, a natação, as artes marciais ou a equitação são boas escolhas para a prática desportiva, tanto pelas crianças como pelos jovens autistas, pelo grau limitado de interação social, pela maior facilidade de atuar por objetivos e pela maior capacidade de interação com os animais», explica o especialista.